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Mostrando postagens de julho, 2020

É batata!

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"Vá plantar batatas!" 🥔 ⠀ Opa, também não precisa ser rude. Você sabe de onde surgiu esta expressão? Ela tem origem portuguesa que, no auge das grandes navegações no séc. XV, adquiriu este aspecto porque a agricultura era considerada uma atividade desqualificada e simples. ⠀ Bom era navegar, explorar, pescar. Nesta mesma época, a produção do bacalhau em Portugal também ganhava força. ⠀ Quando algo é simples e certeiro, usamos a outra expressão "é batata!", fazendo menção a facilidade do seu cultivo em diversos climas. E este foi um grande fator que fez com que a batata salvasse a Europa da fome, em diversas épocas de guerras e invernos rigorosos. Virou alimento símbolo de lugares como a Inglaterra e Irlanda. ⠀ Apesar de hoje conhecermos a batata inglesa, este tubérculo tem origem americana, levada daqui para a Europa pelos colonizadores espanhóis. A espécie escolhida era mais resistente, Solanum tuberosum, originário do Peru ou da Colômbia. -- Referências MCGEE, Ha...

Patrimônio Imaterial

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Que tal um pouco de turismo e história sem sair de casa? 🤓 ⠀ Primeiro, precisamos falar desta belezinha de sanduíche que é um clássico. Nosso queridinho Bauru que tradicionalmente, leva queijo derretido, rosbife, tomate e picles. Fonte: Carolina Raquel da Costa Sabe sua origem? Sim, na cidade de São Paulo em 1937 (e não na cidade de Bauru! rs). Conta a história que Casemiro Pinto Neto, então estudante na capital, nascido na cidade de Bauru, costumava pedir com frequência este tipo de sanduíche no restaurante Ponto Chic do Largo do Paissandu. Fonte: Ponto Chic ⠀ O sanduíche Bauru é tão importante para São Paulo que em dezembro de 2018, foi declarado patrimônio imaterial do Estado de São Paulo, pela Lei n° 16.914/2018 - receita oficial! ⠀ O restaurante Ponto Chic (@pontochicsp) está no mesmo endereço no Largo do Paissandu, nº 27, desde 1922 (a história do empreendimento é um outro post a parte). É um ótimo ponto de parada quando turistar pelo Centro Histórico de São Paulo. ⠀ Por falar e...

Tomate que é mato

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Você conhece o tomate de árvore? Fonte: Carol Costa Quando falamos em tendências gastronômicas, precisamos falar em reaproveitamento total de alimentos. Neste caso, não só da utilização total dele, mas também de alguns alimentos que parecem mato, caem pelas ruas e nem sabemos que podemos comer. ⠀ São as Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). A prof. Carol (@carolraquelcosta) fala sobre a experiência de usar o tomate de árvore ou tamarilho: "Pra quem não conhece, o tomate de árvore ou tamarilo é andino, suculento, levemente ácido, é rico em fibras e um poderoso antioxidante. Parece que juntaram goiaba, tomate e maracujá num fruto". 😍 Relish de tomate de árvore - Fonte: Carol Costa Ela é uma fruta rica em vitaminas e minerais, como a provitamina A, vitaminas B6, C e E, cálcio, ferro, fósforo e magnésio. Devido a sua alta quantidade de antioxidantes, fortalece o sistema imunológico. Um grande reforço em época de coronavírus!

Cacau e Ilhéus

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Os botânicos acreditam que o cacau é originário das cabeceiras do rio Amazonas, espalhou-se em direção ao norte, penetrando na América Central e Sul do México. Era considerado alimento sagrado,  principalmente pelos Astecas no México. A fruta cruzou o oceano, acompanhado de outros alimentos nativos da América, durante o século XV à época das Grandes Navegações, com o descobrimento da América por Cristóvão Colombo em 1492. Chegando ao Velho Continente, foi considerado alimento exótico e seu consumo foi rapidamente aceito. ⠀ Seu cultivo foi espalhado por diversos pontos do mundo, onde o clima e terra eram favoráveis. No Brasil, o cultivo do cacau oficialmente começou em 1679, através da Carta Régia que autorizava os colonizadores a plantá-lo em suas terras. ⠀ Foi na região, onde hoje conhecemos como a cidade de Ilhéus na Bahia, que o cacau teve sua grande história. Ilhéus prosperou em torno da monocultura de cacau, tem em sua construção a marca de fazendeiros e a decadência na década...

Vamos falar de sertanejos?

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Vamos falar de sertanejos?  Não este estilo de música que faz um sucesso, mas daqueles que vem do sertão nordestino. Esta área de sertão é caracterizada pela seca intensa e por ser uma das áreas com maiores dificuldades econômicas da região. ⠀ Aposto que você já ouviu a música "Asa Branca": ⠀ 🎵  "Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação" 🎵  E ste é um hino da luta e resistência do povo nordestino perante as secas severas do sertão, escrita pelo cantor pernambucano Luiz Gonzaga em 1947. ⠀ Vocês já podem imaginar que a base da culinária sertaneja é a necessidade de conservar alimentos, certo? Além de pensar em ingredientes que suportem crescer com todo este calor e seca, né? ⠀ O maxixe é um deles, basta um pouquinho de água e cresce até espontaneamente em terra semi-árida. A sua aparência pode gerar um pouquinho de estranheza, mas é supernutritivo. É antioxidante, rico em cálcio, evita anemia, aju...

Quindim e outras palavras africanas

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Bagunça? Lengalenga? Dengo? São todas palavras africanas que foram absorvidas dos povos de origem Banto e Iorubá, no Brasil (nem preciso dizer que num passado histórico bastante vergonhoso). ⠀ O significado e uso destas palavras também sofreram mudanças, como o caso do QUINDIM, da ideia original de delicadeza, tornou-se um doce feito com ovos, coco e açúcar. ⠀ Este doce amarelinho e brilhante que até parece um sol, por isto é considerado o alimento sagrado de Oxum. É um doce tradicional do Recôncavo Baiano. O quindim surgiu a partir da receita tradicional portuguesa, o brisa-do-lis. Mas na falta de ingrediente, as escravas substituíram as amêndoas por coco, que era abundante na região. Com isto nasceu o quindim. ⠀ Esta receita é emblemática e caracteriza muito bem a formação histórico brasileira: adaptada de um doce português, criado por escravas em território brasileiro. -- Referências Museu da Língua Portuguesa

Sobrevivência e Pac-Man

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O Pac-Man é um jogo de 1980 e até hoje é muito popular. No Brasil, ficou conhecido como o "Come-Come".  O objetivo do jogo é fazer o personagem percorrer o labirinto e comer o maior número possível de bolinhas (frutas, doces, etc.) e não ser pego pelos fantasmas: "o apelo fundamental do jogo, que foi replicado por muitos outros desde então, é o prazer hipnótico de ver uma criaturinha consumindo gulodices" - Bee Wilson, no livro Como Aprendemos a Comer. Foto: Divulgação/Bandai Namco Gulodices. Os doces são uma linguagem não verbal comum em todas as partes do mundo. Qualquer criança consegue reconhecer seu cheiro e cores. Também saber que isto é máximo. Sem dúvida, é mais gratificante observar alguém comer um doce bem gostoso do que verduras. E os desenvolvedores de jogos sabem muito bem como apelar para este sentimento.  Sim, sentimos prazer em alimentar. Mesmo que isto seja imaginário como num jogo, mas a emoção que sentimos é real. Isto está relacionado a nossa sob...